quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sagrado Coração de Jesus

Verbum in Ecclesia - Deus continua falando...


A Palavra se fez homem e acampou entre nós (Jo 1,14). Jesus de Nazaré é essa Palavra, sua presença manifestou o amor criativo e restaurou o diálogo rompido no início da criação. A novidade revelada em Jesus é o Deus que se mostra, se dá a conhecer numa comunicação de amor. No decorrer da história, de várias maneiras, Deus falou e, no mistério da encarnação, definitivamente, iluminou o caminhar da humanidade com a luz da sua vontade e comunicou a máxima de sua decisão: enviou Jesus para salvar (Jo 3,17).
A Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini – sobre a Palavra de Deus na vida e missão da Igreja - nos ajuda a refletir a constante presença da Palavra que fala e convida ao diálogo. É na concretude da vida que o ser humano procura o seu sentido e, nas entrelinhas da palavra, descobre a comunicação que lhe revela a altíssima dignidade à qual foi chamado.
Na segunda parte, sobre a Palavra na Igreja, o documento nos fala que esse diálogo encontra vigor no sinal eclesial, a Igreja. Ali a Palavra é proclamada e ouvida, partilhada e acolhida. Ali se percebe sua mensagem atual e a resposta efetiva num envolvimento em favor da vida.
Na vida da Igreja, o ato de amor se concretiza de modo especial nos Sacramentos, que são "sinais sensíveis e eficazes da graça”. De forma toda particular esse ato se realiza na Eucaristia, a Palavra que se faz pão para ser partilhado na caridade. A Eucaristia não pode ser compreendida apartada da Palavra, pois ela se faz alimento no sinal eucarístico, ela ilumina tal mistério e o revela na fração, claridade da partilha comum.
Cada ação litúrgica está tomada pela Palavra – Deus fala com o seu povo. Pela comum participação, o povo toma consciência da mensagem e procura responder através de uma opção pelo Deus da vida e pela Vida de Deus, através de uma metanoia profunda de seu pensar e agir e consequentemente um atuante e vibrante testemunho na sociedade. Cada celebração deve favorecer sementes de caridade para que, em todas as dimensões da sociedade, se produza a solidariedade, principalmente para com os desfavorecidos.
O documento apresenta a importância da Palavra em todos os ambientes da vida da Igreja, bem como propostas concretas para a vida e animação da ação litúrgica nas comunidades. Exorta à necessidade de favorecer às comunidades um serviço de animação da Palavra, para que das letras se conheça a verdadeira Palavra. Reforça a necessidade de um esmerado serviço que valorize a dimensão bíblica na catequese, “onde se pode descobrir a “Palavra” de Deus”. O serviço de animação bíblica deve proporcionar aos cristãos a formação e o encontro com a Palavra e também despertar em todos os encontros eclesiais a centralidade da mesma.
É o caminho do encontro entre Jesus e a comunidade que, tomada pelo impulso do Espírito, favorece uma inspiração salutar para a vida. Através da Palavra, chega até a comunidade o apelo vocacional. Deus chama, o seu chamado é um convite à santidade. A santidade não deve ser desejada e buscada apenas pelos sacerdotes, religiosos e religiosas e comunidades de vida, mas sim por todo povo, amado e chamado por Deus. O encontro com a Palavra deve motivar também os casais, pais e filhos, os profissionais em todas as áreas de serviço. Todos são convidados à santidade de vida e à resposta viva ao chamado de Deus.
Por isso, dizemos: Deus continua falando à e na sua Igreja...
Pe. José Luís de Gouvêa, scj

Artigo publicado na revista PEGADAS, Junho/2011, pág. 03 - Publicação da Paróquia Sagrado Coração de Jesus - Méier - Rio de Janeiro

quarta-feira, 15 de junho de 2011

À Sombra de Tuas Asas


 
À sombra das tuas asas
Eu vou me aconchegar
Farei minha moradia
Teu teto será o meu lar
E dentro da tua casa
Eu sei que eu vou encontrar
Razão pra viver meu dia
Na alegria de te louvar

Pois bem que meu pai dizia
Que sabes aconchegar
Pois bem que meu pai dizia
Que sabes aconchegar

No teu coração amigo
Segredos vou segredar
E sei que estarás comigo
Disposto a me escutar
Serás o meu confidente
Na hora em que eu te buscar
Imagem de um sol nascente
Que faz a gente feliz cantar

Pois bem que meu pai dizia
Que saber compartilhar
Pois bem que meu pai dizia
Que saber compartilhar

À sombra de tuas asas
O meu coração no teu
Morando na mesma casa
O teu coração e o meu
O teu coração divino
E o meu que na ilusão
Cansado de ser menino
Marchou sem tino
E sem direção

Mas bem que meu pai dizia
Que tu tens um coração
Mas bem que meu pai dizia
Que tu tens um coração...

Padre Zezinho

sábado, 11 de junho de 2011

Vem Espírito Criador


Invocar sobre si o Espírito Santo como Criador é, portanto, abandonar-se à soberana ação de Deus, com total confiança; é situar-se na assim chamada atitude “criatural” diante dele, que é base de toda autêntica religiosidade. É render-se incondicionalmente, é estar disposto a tudo. É dar carta branca a Deus, como fez Maria quando disse ao Anjo: “eis aqui a escrava do Senhor. Aconteça comigo segundo a tua palavra” (Lc 1,18). Raniero Cantalamessa, O canto do Espírito, p. 43, Vozes. Vele a pena ler.

Vem, ó Criador Espírito,
As almas dos teus visita;
Os corações que criaste,
Enche de graça infinita.
Tu, Paráclito és chamado
Dom do Pai celestial,
Fogo, caridade, fonte
Viva e unção espiritual.
Tu dás septiforme graça;
Dedo és da destra paterna;
Do Pai, solene promessa,
Dás força da voz superna.
Nossa razão esclarece,
Teu amor no peito acende,
Do nosso corpo a fraqueza
Com tua força defende.
De nós afasta o inimigo.
Dá-nos a paz sem demora.
Guia-nos; e evitaremos
Tudo quanto se deplora.
Dá que Deus Pai e seu Filho
Por ti nós bem conheçamos,
E em ti, Espírito de ambos
Em todo tempo creiamos.
A Deus Pai se dê a glória
E ao Filho ressuscitado,
Paráclito e a ti também
Com louvor perpetuado. Amém.

V. Enviai o vosso Espírito, e tudo será criado.
R. E renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo; concedei-nos que no mesmo Espírito conheçamos o que é reto, e gozemos sempre as suas consolações. Por Cristo Nosso Senhor.
Amém.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Meditação


“Sinto, Senhor, que a terra do meu espírito é ainda inconsistente e vazia, que as trevas cobrem a superfície do abismo...
Ela está com efeito na confusão como uma espécie de caos espantoso e obscuro, ignorando tanto o seu fim como a sua origem e o modo de sua natureza...
Assim está a minha alma.
Deus meu, assim está a minha alma.
Terra deserta e vazia, invisível e informe, e as trevas cobrem a superfície do abismo...
Mas o abismo do meu espírito te invoca, Senhor, para que Tu cries, também em mim, novos céus e nova terra”

Guido II. Meditações, V

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Deus falou...

Através do Verbo, o Pai falou à humanidade como a amigos e revelou-se a si mesmo para chamá-la a experimentar o gesto de comunhão e participação no seu plano de salvação.
Essa comunicação não permaneceu estagnada no passado e nem perdeu o sentido no viver atual, mas, atualizada na força do Espírito, enriquece a comunidade orante e impulsiona à partilha da vida na Palavra que se faz pão partilhado na caridade. Ali, o próprio Senhor se nos dá, todo, inteiro, e nos traz à lembrança o gesto salvífico realizado uma vez por todas na sua entrega e sendo por nós assumido todas as vezes que tomamos parte conscientes da realidade salvífica na vida e missão da Igreja.
Ele continua a falar... se mostra como o “Deus que fala”, num diálogo contínuo no hoje da nossa história. A primeira parte da “Verbum Dei” nos apresenta uma fundamentação teológica tendo a Palavra, que é o próprio Cristo, presente no mundo. Ela nos ajuda a refletir o “algo mais” além das “letras” das Sagradas Escrituras, mostradas no primeiro e segundo testamentos, pois é a autocomunicação de Deus que se nos dá a conhecer em Jesus Cristo, Ele que “nos falou por meio do Filho” que é “reflexo de sua glória luminosa” (Hb 1, 2).
Somos convidados a um encontro pessoal com Jesus de Nazaré, aprofundando-nos na leitura orante de palavra para conhecermos a unidade dessa comunicação. É o próprio Deus que nos convida ao diálogo.
Tendo consciência que a eterna palavra de Deus é o próprio Cristo e que o Espírito auxilia na busca e conhecimento dessa verdade. Somos chamados pelo Amor a buscarmos incansavelmente o conhecimento da pessoa de Jesus, suas palavras, seus gestos, seu testemunho.
Se por um lado temos o Deus que fala, por outro alguém é interpelado à escuta e resposta. A Verbum Domini nos recorda que somos convidados à participação na Aliança com Deus, pois é na realidade do ser humano que o mistério da Palavra encontra eco. Diante das “alegrias e esperanças, tristezas e angustias” que permeiam o ser humano Deus fala. Sua palavra é promessa e realização da salvação presente na história.
A essa “fala” de Deus na história, o ser humano escuta e responde com sua opção e testemunho, encontrando e dando sentido ao seu viver. Porém, a falta de atenção à Palavra dita, bendita, é apresentada como “dramática possibilidade da liberdade humana” em dar atenção a tantas vozes que ecoam como se carregadas de vida e esperança, porém que conduzem aos ruídos de comunicação e consequentemente ao afastamento do amor.
Um convite especial nos é renovado cotidianamente: ler a Palavra, dar ouvidos a essa mensagem, optar pelo Deus da vida e pela Vida de Deus. Unidos à Igreja, mãe e mestra, somos chamados a reconhecê-la como “lugar da Palavra”, ambiente privilegiado de escuta, partilha e resposta ao “Deus que fala”.
Crescendo, em comunidade, no conhecimento da Palavra sabemos que caminhamos seguros, equilibrados, descobrindo que a “letra” não só fala, mas age, pois é o “Deus que diz e faz”.
Pe. José Luís de Gouvêa, scj

Artigo publicado na revista PEGADAS, Maio/2011, pág. 03 - Publicação da Paróquia Sagrado Coração de Jesus - Méier - Rio de Janeiro