domingo, 25 de dezembro de 2011

Mistério do Natal

"Portanto, o mistério do Natal nos impõe uma dívida e uma obrigação para com os demais homens e para com todo o universo criado. Nós que vimos a luz de Cristo somos obrigados, pela grandeza da graça que nos foi dada, a tornar a presença do Salvador conhecida até os confins da Terra. Isto faremos não só pregando a boa-nova de sua vinda, mas, sobretudo, revelando-o em nossas vidas. Cristo nasceu hoje para nós, de maneira a poder manifestar-se ao mundo através de nós. Este dia é o do Seu nascimento, mas todos os dias de nossa vida mortal devem ser sua manifestação, sua divina Epifania no mundo que Ele criou e redimiu"
Thomas Merton

Ave Maria

Feliz Natal

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Abandono nas mãos de Deus

Senhor Deus,
Não tenho a menor idéia de para onde estou indo,
Não enxergo o caminho à minha frente,
Não sei ao certo onde irá dar esse caminho.
Também não conheço verdadeiramente a mim mesmo,
E o fato de que penso que estou seguindo a Tua vontade
Não significa que realmente esteja seguindo a Tua vontade.
Mas acredito que o meu desejo de Te agradar
Realmente Te agrada.
E espero ter esse desejo em tudo o que fizer,
Espero nunca me afastar desse desejo.
Sei que, se assim o fizer,
Tu me guiarás pelo caminho correto
Embora eu possa nem saber que o estou trilhando.
Assim, confiarei sempre em Ti
Embora eu pareça estar perdido
E caminhando na sombra da morte.
E não temerei, porque Tu estás sempre comigo
E nunca deixarás que eu enfrente os perigos sozinho.

(Thomas Merton, Na Liberdade da Solidão)

sábado, 24 de setembro de 2011

Pensamento

"Deus não me dá autoridade para condenar ninguém.
Eu sou instrumento do Senhor,
utilizado somente para compreender e perdoar.
Condenar? Essa palavra não existe em meu vocabulário
e acho que é por isso que sou tão feliz.
Creio na ajuda e não na condenação".
Papa João Paulo I

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Silêncio e oração


Seminário de Corupá

Se nos deixarmos guiar pelo mais antigo livro de oração, os Salmos bíblicos, nós encontramos aí duas formas principais de oração: por um lado o lamento e o pedido de socorro, por outro o agradecimento e o louvor. De forma mais oculta, há um terceiro tipo de oração, sem súplicas nem louvor explícito. O Salmo 131, por exemplo, não é senão calma e confiança: «Estou sossegado e tranquilo… Espera no Senhor, desde agora e para sempre!»
Por vezes a oração cala-se, pois uma comunhão tranquila com Deus pode abster-se de palavras. «Estou sossegado e tranquilo, como uma criança saciada ao colo da mãe; a minha alma é como uma criança saciada.» Como uma criança saciada que parou de gritar, junto da sua mãe, assim pode estar a minha alma na presença de Deus. Então a oração não precisa de palavras, nem mesmo de reflexões.
Como chegar ao silêncio interior? Por vezes calamo-nos, mas, por dentro, discutimos muito, confrontando-nos com interlocutores imaginários ou lutando connosco mesmos. Manter a sua alma em paz pressupõe uma espécie de simplicidade: «Já não corro atrás de grandezas, ou de coisas fora do meu alcance.» Fazer silêncio é reconhecer que as minhas inquietações não têm muito poder. Fazer silêncio é confiar a Deus o que está fora do meu alcance e das minhas capacidades. Um momento de silêncio, mesmo muito breve, é como um repouso sabático, uma santa pausa, uma trégua da inquietação.
A agitação dos nossos pensamentos pode ser comparada com a tempestade que sacudiu o barco dos discípulos, no Mar da Galileia, enquanto Jesus dormia. Também nos acontece estarmos perdidos, angustiados, incapazes de nos apaziguarmos a nós mesmos. Mas Cristo também é capaz de vir em nosso auxílio. Da mesma forma que falou imperiosamente ao vento e ao mar e que «se fez grande calma», ele pode igualmente acalmar o nosso coração quando está agitado pelo medo e pelas inquietações (Marcos 4).
Fazendo silêncio, pomos a nossa esperança em Deus. Um salmo sugere que o silêncio é mesmo uma forma de louvor. Nós lemos habitualmente o primeiro verso do Salmo 65: « A ti, ó Deus, é devido o louvor ». Esta tradução segue a versão grega, mas na verdade o texto hebreu diz: «Para Vós, ó Deus, o silêncio é louvor». Quando cessam as palavras e os pensamentos, Deus é louvado no enlevo silencioso e na admiração.
Fonte: taize.fr

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Teu servo escuta


Vivemos num mundo barulhento, ruídos de toda a sorte nos envolvem e muitas vozes clamam por nossa atenção, não raramente desviando-nos do foco principal. Sentimos a dificuldade em dar atenção aos que estão caminhando conosco, ao nosso lado, principalmente dentro de casa.
Interessante observar o “mundo” dos fones de ouvidos que se espalhou entre as pessoas em várias circunstâncias. Cada uma sintonizada no seu interesse, no programa de sua preferência ou nas músicas selecionadas a gosto.
Com isso, percebemos que ouvimos muito, mas escutamos somente o que nos interessa.
O dicionário Houaiss nos diz que escutar significa “estar consciente do que ouve; perceber pelo sentido da audição; dar atenção”. Requer, portanto, ouvidos apurados para saber quem fala e com quem, mesmo que a escuta seja por vezes silenciosa.
Também na escuta da Palavra, há barulhos diversos que roubam a sua centralidade e, por vezes, não percebemos quem é, de fato, aquele que fala conosco.
Encontramos no primeiro livro de Samuel a estória do filho de Elcana e Ana, que foi entregue ao Templo para servir ao Senhor. Certa noite (3, 1-10ss), ele percebe que está sendo chamado, mas pensando ser o sacerdote Eli, vai-lhe ao encontro. O interessante da estória é que, inicialmente, nem o sacerdote percebera a proveniência do chamado, mas a partir do momento em que toma consciência, encaminha Samuel para responder prontamente.
“Fala Senhor, porque teu servo escuta!”
Samuel aprendeu a escutar o Senhor. Até aquele momento ele estava a serviço do Templo sob as ordens do sacerdote Eli. A partir do momento que ele experimenta o chamado e quem o está chamado, ele se torna instrumento que escuta e anunciar suas ordens.
Em nossa vida, precisamos estar atentos à Palavra, para sabermos distingui-la das vozes que chegam aos nossos ouvidos, a fim de respondermos prontamente ao Senhor. Precisamos ter um trato especial, pessoal e familiar, com o Senhor que se nos revela em seu amor.
Assim poderemos caminhar com passos firmes na vivência do sentido da vida e também podermos orientar os que estão sob nossa responsabilidade a perceber o Senhor que fala, sejam os filhos, os catequizandos, a comunidade.
No mês da Bíblia, a proposta do GREBIN (Grupo de Reflexão Bíblica Nacional) nos convida a escutar o Senhor através da leitura, meditação, oração e partilha do trecho do livro do Êxodo (15,2-18,27) com o tema: “Travessia: passo a passo, o caminho se faz” e o lema: “Aproximai-vos do Senhor” (Ex 16,9).
A reflexão oracional vai nos ajudar a perceber que, mesmo em meio às dificuldades da vida, Deus se faz presente, caminha conosco e continua a nos falar, favorecendo-nos a vida.
Precisamos aprofundar no conhecimento da sua Palavra para que possamos responder prontamente e realizar a missão que nos é confiada no dia-a-dia da nossa história.
Pe. José Luís de Gouvêa, scj

(artigo publicado na Revista Pegadas, da Paróquia SCJ, pág. 3)

Especializa-te

Especializa-te
em tentar descobrir
em toda e qualquer criatura
o lado bom que ela possui
– ninguém é maldade concentrada.

Especializa-te
em tentar descobrir
em toda e qualquer ideologia
a alma de verdade que ela carrega no seio
– a inteligência é incapaz
de aderir ao erro total…


Dom Hélder Câmara

Parte de Cristo

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Não pares...

"Não, não pares
É graça divina
Começar bem
Graça maior, persistir na caminhada certa
Manter o ritmo...
Mas graça das graças
É não podendo,
Caindo, embora aos pedaços,
Chegar até o fim..."
  

Dom Hélder Câmara

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Mensagem para o Dia da Morte de Padre Dehon

Estimados Leigos Dehonianos
Diáconos
Sacerdotes

Hoje é um dia muito importante para todos nós, dia da morte de Padre Dehon, dia em que, nas diversas comunidades celebramos a sua entrada no céu e, aqui na terra, renovamos o compromisso de continuarmos a sua obra como testemunhas da reconciliação e servidores na comunhão.
Padre Dehon, apaixonado pelo Coração de Jesus, nos últimos instantes de sua vida encontrou forças para dizer em voz alta: “Por Ele vivi e por Ele morro”. Essa forte inspiração norteou a sua vida e, sensível ao amor do Coração de Jesus, percebeu que a recusa a esse amor enfraquece a Igreja e proporciona males à sociedade.
Desejoso de reparar o Coração de Jesus e o coração do homem, entendeu-se como vítima de amor e, assim, o ideal de reparação foi marcante em sua vida. Através da disponibilidade ao Espírito e dedicação total pelo Reino, trabalhou por sua acolhida nos corações e na sociedade.
Seu exemplo nos inspira e sua herança nos faz ver a atualidade do carisma dehoniano. Diante de tanta recusa ao amor de Deus, muitas vezes devido à ignorância desse amor, somos provocados a amar. Padre Dehon dizia: “O ‘não’ ao amor repara-se com o ‘sim’ ao amor”.
Bebendo dessa fonte, somos chamados a reparar o rosto de tantos que foram desfigurados pelo pecado e vivem à margem do amor, excluídos ou excluindo-se nas diversas situações vigentes em nossa sociedade.
Como seguidores de Padre Dehon, somos convidados à atenção aos sinais dos tempos nas realidades onde estamos inseridos, para que, na força da palavra e no serviço, possamos minimizar o sofrimento dos filhos e filhas de Deus.
É nessa realidade que somos convidados a viver o nosso compromisso. A resposta que damos, renovando-a no dia-a-dia, nos incentiva a sairmos das sacristias, entendendo “sacristia” como comodismo, individualismo, descompromisso, passividade, irresponsabilidade, pequenas e grandes injustiças, rivalidades, críticas destrutivas, descaso político, cultural, humano, econômico, e outros.
Pelo compromisso assumido, renovado, parabenizo a todos. Pela coragem em colocar em prática o exemplo de Padre Dehon, agradeço com alegria. Pela generosidade em caminhar conosco, desejo fidelidade. Como discípulos missionários, amando e servindo à Igreja, como dehonianos, façamos a diferença. A todos, bênçãos infindas.
Pe. José Luís de Gouvêa, scj
p/ Assessoria dos Leigos Dehonianos na BSP

sexta-feira, 29 de julho de 2011

O problema do mal


“Você acredita em Deus?” Com essa pergunta, a jornalista terminava uma longa entrevista com um conhecido esportista nacional. A resposta que ele lhe deu chamou minha atenção, porque expressa o que muita gente pensa a respeito do problema do mal. O drama e a angústia do esportista são a angústia e o drama de inúmeras pessoas, em situações, épocas e lugares diferentes: “É difícil dizer que acredito em Deus. Quanto mais desgraças vejo na vida, menos acredito em Deus. É uma confusão na minha cabeça; não encontro explicação para o que acontece. Por que é que meu filho nasce em berço de ouro, enquanto outro, infeliz, nasce para sofrer, morrer de doença, e há tudo isso de triste que a gente vê na vida? É uma coisa que não entendo e, como não tenho explicação, é difícil de acreditar em um Ser superior.”
O mal, o sofrimento e a doença fazem parte de nosso cotidiano. As injustiças, a fome e a dor são tão frequentes em nosso mundo que parecem ser normais e obrigatórias. Fôssemos colocar em uma biblioteca todos os livros já escritos para tentar explicar o porquê dessa realidade, ficaríamos surpresos com sua quantidade.
Para o cristão, mais do que um culpado, o mal tem uma causa: a liberdade. Fomos criados livres, com a possibilidade de escolher nossos caminhos. Podemos, pois, fazer tanto o bem quanto o mal. Se não tivéssemos inteligência e vontade, não existiria o mal no mundo; se fossemos meros robôs, também não. Por outro lado, sem liberdade não haveria o bem e nem saberíamos o que é um gesto de amor. Também não conheceríamos o sentido de palavras como gratidão, amizade, solidariedade e lealdade.
O mal nasce do abuso da liberdade ou da falta de amor. Nem sempre ele é feito consciente ou voluntariamente. Quanto sofrimento acontece por imprudência! Poderíamos recordar os motoristas que abusam da velocidade ou que dirigem embriagados, e acabam mutilando e matando pessoas inocentes. Não é da vontade de Deus que isso aconteça. Mas Ele não vai corrigir cada um de nossos erros e descuidos. Não impedirá, por exemplo, que o gás que ficou ligado na casa fechada asfixie o idoso que ali dorme. Repito: Deus não intervém a todo momento para modificar as leis da natureza ou para corrigir os erros humanos.
O que mais nos angustia, talvez pela gravidade das consequências, é o mal causado pela violência, pelo ódio e egoísmo. Os assassinatos e roubos, os sequestros e acidentes, as guerras e destruições são como que pegadas da passagem do homem pelo mundo. O mal acontece porque usamos de forma errada nossa liberdade ou não aceitamos o plano de Deus, expresso nos mandamentos. Quando nos deixamos levar pelo egoísmo e seguimos nossas próprias ideias, construímos o nosso mundo, não o mundo desejado por Deus para nós.
Outro imenso campo de sofrimento é o das injustiças. Quantos se aproveitam de sua posição e de seu poder para se enriquecer sempre mais, à custa da miséria dos fracos e do sofrimento dos indefesos! Terrível poder o nosso: podemos fechar-nos em nosso próprio mundo e contemplar, indiferentes, a desgraça dos outros.
Não se pode, também, esquecer o mal causado pela natureza, quando suas leis não são respeitadas. Com muita propriedade, o povo diz: “Deus perdoa sempre; o homem, nem sempre; a natureza, nunca!” A devastação das florestas e a contaminação das águas fluviais trazem consequências inevitáveis, permanentes e dolorosas para a vida da humanidade. Culpa de Deus?…
Diante do mal, não podemos ter uma atitude de mera resignação. Cristo nos ensina a lutar, combatendo o mal em suas causas. O bom uso da liberdade e a prática do bem nos ajudarão a construir o mundo que o Pai sonhou para nós. Descobriremos, então, que somos muito mais responsáveis por nossos atos do que imaginamos. Fugir dessa responsabilidade, procurando fora de nós a culpa de nossos erros é uma atitude cômoda, ineficiente e incoerente. Assumirmos a própria história, colocando nossas capacidades a serviço dos outros, é uma tarefa exigente, sim, mas que nos dignifica e nos realiza como seres humanos e filhos de Deus.








Dom Murilo S.R. Krieger, scj
Arcebispo de São Salvador da Bahia

fonte: arquidiocesesalvador.org.br