"Portanto, o mistério do Natal nos impõe uma dívida e uma obrigação para com os demais homens e para com todo o universo criado. Nós que vimos a luz de Cristo somos obrigados, pela grandeza da graça que nos foi dada, a tornar a presença do Salvador conhecida até os confins da Terra. Isto faremos não só pregando a boa-nova de sua vinda, mas, sobretudo, revelando-o em nossas vidas. Cristo nasceu hoje para nós, de maneira a poder manifestar-se ao mundo através de nós. Este dia é o do Seu nascimento, mas todos os dias de nossa vida mortal devem ser sua manifestação, sua divina Epifania no mundo que Ele criou e redimiu"
Thomas Merton
domingo, 25 de dezembro de 2011
sábado, 22 de outubro de 2011
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Abandono nas mãos de Deus
Senhor Deus,
Não tenho a menor idéia de para onde estou indo,
Não enxergo o caminho à minha frente,
Não sei ao certo onde irá dar esse caminho.
Também não conheço verdadeiramente a mim mesmo,
E o fato de que penso que estou seguindo a Tua vontade
Não significa que realmente esteja seguindo a Tua vontade.
Mas acredito que o meu desejo de Te agradar
Realmente Te agrada.
E espero ter esse desejo em tudo o que fizer,
Espero nunca me afastar desse desejo.
Sei que, se assim o fizer,
Tu me guiarás pelo caminho correto
Embora eu possa nem saber que o estou trilhando.
Assim, confiarei sempre em Ti
Embora eu pareça estar perdido
E caminhando na sombra da morte.
E não temerei, porque Tu estás sempre comigo
E nunca deixarás que eu enfrente os perigos sozinho.
Não tenho a menor idéia de para onde estou indo,
Não enxergo o caminho à minha frente,
Não sei ao certo onde irá dar esse caminho.
Também não conheço verdadeiramente a mim mesmo,
E o fato de que penso que estou seguindo a Tua vontade
Não significa que realmente esteja seguindo a Tua vontade.
Mas acredito que o meu desejo de Te agradar
Realmente Te agrada.
E espero ter esse desejo em tudo o que fizer,
Espero nunca me afastar desse desejo.
Sei que, se assim o fizer,
Tu me guiarás pelo caminho correto
Embora eu possa nem saber que o estou trilhando.
Assim, confiarei sempre em Ti
Embora eu pareça estar perdido
E caminhando na sombra da morte.
E não temerei, porque Tu estás sempre comigo
E nunca deixarás que eu enfrente os perigos sozinho.
(Thomas Merton, Na Liberdade da Solidão)
sábado, 24 de setembro de 2011
Pensamento
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Silêncio e oração
Seminário de Corupá |
Se nos deixarmos guiar pelo mais antigo livro de oração, os Salmos bíblicos, nós encontramos aí duas formas principais de oração: por um lado o lamento e o pedido de socorro, por outro o agradecimento e o louvor. De forma mais oculta, há um terceiro tipo de oração, sem súplicas nem louvor explícito. O Salmo 131, por exemplo, não é senão calma e confiança: «Estou sossegado e tranquilo… Espera no Senhor, desde agora e para sempre!»
Por vezes a oração cala-se, pois uma comunhão tranquila com Deus pode abster-se de palavras. «Estou sossegado e tranquilo, como uma criança saciada ao colo da mãe; a minha alma é como uma criança saciada.» Como uma criança saciada que parou de gritar, junto da sua mãe, assim pode estar a minha alma na presença de Deus. Então a oração não precisa de palavras, nem mesmo de reflexões.
Como chegar ao silêncio interior? Por vezes calamo-nos, mas, por dentro, discutimos muito, confrontando-nos com interlocutores imaginários ou lutando connosco mesmos. Manter a sua alma em paz pressupõe uma espécie de simplicidade: «Já não corro atrás de grandezas, ou de coisas fora do meu alcance.» Fazer silêncio é reconhecer que as minhas inquietações não têm muito poder. Fazer silêncio é confiar a Deus o que está fora do meu alcance e das minhas capacidades. Um momento de silêncio, mesmo muito breve, é como um repouso sabático, uma santa pausa, uma trégua da inquietação.
A agitação dos nossos pensamentos pode ser comparada com a tempestade que sacudiu o barco dos discípulos, no Mar da Galileia, enquanto Jesus dormia. Também nos acontece estarmos perdidos, angustiados, incapazes de nos apaziguarmos a nós mesmos. Mas Cristo também é capaz de vir em nosso auxílio. Da mesma forma que falou imperiosamente ao vento e ao mar e que «se fez grande calma», ele pode igualmente acalmar o nosso coração quando está agitado pelo medo e pelas inquietações (Marcos 4).
Fazendo silêncio, pomos a nossa esperança em Deus. Um salmo sugere que o silêncio é mesmo uma forma de louvor. Nós lemos habitualmente o primeiro verso do Salmo 65: « A ti, ó Deus, é devido o louvor ». Esta tradução segue a versão grega, mas na verdade o texto hebreu diz: «Para Vós, ó Deus, o silêncio é louvor». Quando cessam as palavras e os pensamentos, Deus é louvado no enlevo silencioso e na admiração.
Fonte: taize.fr
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Teu servo escuta
Vivemos num mundo barulhento, ruídos de toda a sorte nos envolvem e muitas vozes clamam por nossa atenção, não raramente desviando-nos do foco principal. Sentimos a dificuldade em dar atenção aos que estão caminhando conosco, ao nosso lado, principalmente dentro de casa.
Interessante observar o “mundo” dos fones de ouvidos que se espalhou entre as pessoas em várias circunstâncias. Cada uma sintonizada no seu interesse, no programa de sua preferência ou nas músicas selecionadas a gosto.
Com isso, percebemos que ouvimos muito, mas escutamos somente o que nos interessa.
O dicionário Houaiss nos diz que escutar significa “estar consciente do que ouve; perceber pelo sentido da audição; dar atenção”. Requer, portanto, ouvidos apurados para saber quem fala e com quem, mesmo que a escuta seja por vezes silenciosa.
Também na escuta da Palavra, há barulhos diversos que roubam a sua centralidade e, por vezes, não percebemos quem é, de fato, aquele que fala conosco.
Encontramos no primeiro livro de Samuel a estória do filho de Elcana e Ana, que foi entregue ao Templo para servir ao Senhor. Certa noite (3, 1-10ss), ele percebe que está sendo chamado, mas pensando ser o sacerdote Eli, vai-lhe ao encontro. O interessante da estória é que, inicialmente, nem o sacerdote percebera a proveniência do chamado, mas a partir do momento em que toma consciência, encaminha Samuel para responder prontamente.
“Fala Senhor, porque teu servo escuta!”
Samuel aprendeu a escutar o Senhor. Até aquele momento ele estava a serviço do Templo sob as ordens do sacerdote Eli. A partir do momento que ele experimenta o chamado e quem o está chamado, ele se torna instrumento que escuta e anunciar suas ordens.
Em nossa vida, precisamos estar atentos à Palavra, para sabermos distingui-la das vozes que chegam aos nossos ouvidos, a fim de respondermos prontamente ao Senhor. Precisamos ter um trato especial, pessoal e familiar, com o Senhor que se nos revela em seu amor.
Assim poderemos caminhar com passos firmes na vivência do sentido da vida e também podermos orientar os que estão sob nossa responsabilidade a perceber o Senhor que fala, sejam os filhos, os catequizandos, a comunidade.
No mês da Bíblia, a proposta do GREBIN (Grupo de Reflexão Bíblica Nacional) nos convida a escutar o Senhor através da leitura, meditação, oração e partilha do trecho do livro do Êxodo (15,2-18,27) com o tema: “Travessia: passo a passo, o caminho se faz” e o lema: “Aproximai-vos do Senhor” (Ex 16,9).
A reflexão oracional vai nos ajudar a perceber que, mesmo em meio às dificuldades da vida, Deus se faz presente, caminha conosco e continua a nos falar, favorecendo-nos a vida.
Precisamos aprofundar no conhecimento da sua Palavra para que possamos responder prontamente e realizar a missão que nos é confiada no dia-a-dia da nossa história.
Pe. José Luís de Gouvêa, scj
(artigo publicado na Revista Pegadas, da Paróquia SCJ, pág. 3)
Especializa-te
Parte de Cristo
Parte de Cristo, tu, que encontraste misericórdia.
Parte de Cristo, tu, que perdoaste e aceitaste o perdão.
Parte de Cristo, tu, que conheces a dor e o sofrimento.
Parte de Cristo, tu, que és tentado pela tibieza: o ano de graça é um tempo sem limites.
Parte de Cristo, tu, Igreja no novo milênio. Canta e caminha!
(cf. Ritos de conclusão na Santa Missa na Epifania do Senhor de 2001).
Parte de Cristo, tu, que perdoaste e aceitaste o perdão.
Parte de Cristo, tu, que conheces a dor e o sofrimento.
Parte de Cristo, tu, que és tentado pela tibieza: o ano de graça é um tempo sem limites.
Parte de Cristo, tu, Igreja no novo milênio. Canta e caminha!
(cf. Ritos de conclusão na Santa Missa na Epifania do Senhor de 2001).
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Não pares...
"Não, não pares
É graça divina
Começar bem
Graça maior, persistir na caminhada certa
Manter o ritmo...
Mas graça das graças
É não podendo,
Caindo, embora aos pedaços,
É graça divina
Começar bem
Graça maior, persistir na caminhada certa
Manter o ritmo...
Mas graça das graças
É não podendo,
Caindo, embora aos pedaços,
Chegar até o fim..."
Dom Hélder Câmara
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Mensagem para o Dia da Morte de Padre Dehon
Estimados Leigos Dehonianos
Diáconos
Sacerdotes
Hoje é um dia muito importante para todos nós, dia da morte de Padre Dehon, dia em que, nas diversas comunidades celebramos a sua entrada no céu e, aqui na terra, renovamos o compromisso de continuarmos a sua obra como testemunhas da reconciliação e servidores na comunhão.
Padre Dehon, apaixonado pelo Coração de Jesus, nos últimos instantes de sua vida encontrou forças para dizer em voz alta: “Por Ele vivi e por Ele morro”. Essa forte inspiração norteou a sua vida e, sensível ao amor do Coração de Jesus, percebeu que a recusa a esse amor enfraquece a Igreja e proporciona males à sociedade.
Desejoso de reparar o Coração de Jesus e o coração do homem, entendeu-se como vítima de amor e, assim, o ideal de reparação foi marcante em sua vida. Através da disponibilidade ao Espírito e dedicação total pelo Reino, trabalhou por sua acolhida nos corações e na sociedade.
Seu exemplo nos inspira e sua herança nos faz ver a atualidade do carisma dehoniano. Diante de tanta recusa ao amor de Deus, muitas vezes devido à ignorância desse amor, somos provocados a amar. Padre Dehon dizia: “O ‘não’ ao amor repara-se com o ‘sim’ ao amor”.
Bebendo dessa fonte, somos chamados a reparar o rosto de tantos que foram desfigurados pelo pecado e vivem à margem do amor, excluídos ou excluindo-se nas diversas situações vigentes em nossa sociedade.
Como seguidores de Padre Dehon, somos convidados à atenção aos sinais dos tempos nas realidades onde estamos inseridos, para que, na força da palavra e no serviço, possamos minimizar o sofrimento dos filhos e filhas de Deus.
É nessa realidade que somos convidados a viver o nosso compromisso. A resposta que damos, renovando-a no dia-a-dia, nos incentiva a sairmos das sacristias, entendendo “sacristia” como comodismo, individualismo, descompromisso, passividade, irresponsabilidade, pequenas e grandes injustiças, rivalidades, críticas destrutivas, descaso político, cultural, humano, econômico, e outros.
Pelo compromisso assumido, renovado, parabenizo a todos. Pela coragem em colocar em prática o exemplo de Padre Dehon, agradeço com alegria. Pela generosidade em caminhar conosco, desejo fidelidade. Como discípulos missionários, amando e servindo à Igreja, como dehonianos, façamos a diferença. A todos, bênçãos infindas.
Pe. José Luís de Gouvêa, scj
p/ Assessoria dos Leigos Dehonianos na BSP
sexta-feira, 29 de julho de 2011
O problema do mal
“Você acredita em Deus?” Com essa pergunta, a jornalista terminava uma longa entrevista com um conhecido esportista nacional. A resposta que ele lhe deu chamou minha atenção, porque expressa o que muita gente pensa a respeito do problema do mal. O drama e a angústia do esportista são a angústia e o drama de inúmeras pessoas, em situações, épocas e lugares diferentes: “É difícil dizer que acredito em Deus. Quanto mais desgraças vejo na vida, menos acredito em Deus. É uma confusão na minha cabeça; não encontro explicação para o que acontece. Por que é que meu filho nasce em berço de ouro, enquanto outro, infeliz, nasce para sofrer, morrer de doença, e há tudo isso de triste que a gente vê na vida? É uma coisa que não entendo e, como não tenho explicação, é difícil de acreditar em um Ser superior.”
O mal, o sofrimento e a doença fazem parte de nosso cotidiano. As injustiças, a fome e a dor são tão frequentes em nosso mundo que parecem ser normais e obrigatórias. Fôssemos colocar em uma biblioteca todos os livros já escritos para tentar explicar o porquê dessa realidade, ficaríamos surpresos com sua quantidade.
Para o cristão, mais do que um culpado, o mal tem uma causa: a liberdade. Fomos criados livres, com a possibilidade de escolher nossos caminhos. Podemos, pois, fazer tanto o bem quanto o mal. Se não tivéssemos inteligência e vontade, não existiria o mal no mundo; se fossemos meros robôs, também não. Por outro lado, sem liberdade não haveria o bem e nem saberíamos o que é um gesto de amor. Também não conheceríamos o sentido de palavras como gratidão, amizade, solidariedade e lealdade.
O mal nasce do abuso da liberdade ou da falta de amor. Nem sempre ele é feito consciente ou voluntariamente. Quanto sofrimento acontece por imprudência! Poderíamos recordar os motoristas que abusam da velocidade ou que dirigem embriagados, e acabam mutilando e matando pessoas inocentes. Não é da vontade de Deus que isso aconteça. Mas Ele não vai corrigir cada um de nossos erros e descuidos. Não impedirá, por exemplo, que o gás que ficou ligado na casa fechada asfixie o idoso que ali dorme. Repito: Deus não intervém a todo momento para modificar as leis da natureza ou para corrigir os erros humanos.
O que mais nos angustia, talvez pela gravidade das consequências, é o mal causado pela violência, pelo ódio e egoísmo. Os assassinatos e roubos, os sequestros e acidentes, as guerras e destruições são como que pegadas da passagem do homem pelo mundo. O mal acontece porque usamos de forma errada nossa liberdade ou não aceitamos o plano de Deus, expresso nos mandamentos. Quando nos deixamos levar pelo egoísmo e seguimos nossas próprias ideias, construímos o nosso mundo, não o mundo desejado por Deus para nós.
Outro imenso campo de sofrimento é o das injustiças. Quantos se aproveitam de sua posição e de seu poder para se enriquecer sempre mais, à custa da miséria dos fracos e do sofrimento dos indefesos! Terrível poder o nosso: podemos fechar-nos em nosso próprio mundo e contemplar, indiferentes, a desgraça dos outros.
Não se pode, também, esquecer o mal causado pela natureza, quando suas leis não são respeitadas. Com muita propriedade, o povo diz: “Deus perdoa sempre; o homem, nem sempre; a natureza, nunca!” A devastação das florestas e a contaminação das águas fluviais trazem consequências inevitáveis, permanentes e dolorosas para a vida da humanidade. Culpa de Deus?…
Diante do mal, não podemos ter uma atitude de mera resignação. Cristo nos ensina a lutar, combatendo o mal em suas causas. O bom uso da liberdade e a prática do bem nos ajudarão a construir o mundo que o Pai sonhou para nós. Descobriremos, então, que somos muito mais responsáveis por nossos atos do que imaginamos. Fugir dessa responsabilidade, procurando fora de nós a culpa de nossos erros é uma atitude cômoda, ineficiente e incoerente. Assumirmos a própria história, colocando nossas capacidades a serviço dos outros, é uma tarefa exigente, sim, mas que nos dignifica e nos realiza como seres humanos e filhos de Deus.
Dom Murilo S.R. Krieger, scj
Arcebispo de São Salvador da Bahia
fonte: arquidiocesesalvador.org.br
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